domingo, 10 de julho de 2011

Eu fui e continuarei sendo, sua.


Combinamos que não era amor. Escapou ali um abraço no meio do escuro. Mas aquilo ali foi sono, não sei o que foi aquilo. Fomos.à festa juntos, bebemos juntos, ficamos o tempo todo juntos. Coisas que namorados fazem. Mas, que amigos fazem também, não? Escapou ali um beijo na orelha e uma mão que quis esquentar a outra. Mas, fizemos piadas de tudo isso. Aí teve aquela cena também. De quando eu estava vestida, mas com o cabelo todo bagunçado ainda. E você se levantou, olhou pra mim e perguntou: “não ta esquecendo nada?” E, eu quis gritar: “to, to esquecendo de você.” E você depois perguntou: “não tem nada seu aí?” E eu quis gritar: “tem, tem você.” Eu fui sua antes mesmo de saber que não ia mais me querer. Mas eu sabia que você não era “amor”. Você abriu meu wiskhy predileto e colocou uma pedra de gelo. Ficava me observando enquanto eu dançava, olhando ao redor pra saber quem era que estava olhando pra mim e até me puxou quando um me chamou pra dançar (ainda me lembro até a sua cara, quando fez isso). Fez isso pra mostrar pra todos que eu era “propriedade” sua? Sentiu ciúmes? Mas ainda assim, não somos íntimos. Nada disso. Só estamos aqui por que temos duas coisas simples e comuns a fazer: Nada melhor pra fazer. É o que está no contrato. E eu assino embaixo. Mas não faz assim. Não me olha assim e diz que vai refazer o contrato. Não faz o mundo inteiro brilhar mais só por que você é bobo. Não faz o mundo inteiro ficar pequeno só por que eu acho a sua camisa branca com listras azuis e os botões rosa da Colcci, que é linda. Não me deixa assim, caindo da cadeira de tanto rir só por que você está me contando mais uma história engraçada de seu amigo. Não faz a piada do rico só por que você está me achando estranha. Não transforma assim o mundo mais engraçado e mais fácil de viver. Não deixa eu ficar pensando o quanto eu fui absurdamente feliz em te ter do meu lado. Mas, nenhum segundo foi por acaso. Combinamos que não era amor e realmente não é. Mas esse algo que é, é muito libertador. Por que na sua ausência e quando me lembro de muitas coisas o mundo vira uma comédia.
E aquela menina mais nova, e aquela mais velha, e aquela menina que escreve, e aquela outra que fez cena, e aquela outra que foi engraçada, e aquela outra da festa anterior, e aquela outra amiga daquela outra. E todas aquelas outras viram formiguinhas de nariz vermelho. E eu tenho vontade de ligar pra todas elas e falar: “putz, menininhas. Você acha mesmo que ele gostou de você? Ele nem lembra que ficou contigo.” Adoro quando o mundo fica coitado, fica quase, fica de mentira.
O quão sagrado é ser absurdamente feliz mesmo sabendo a dor que vem depois. O quão sagrado é ver pureza em tudo o que você faz, ainda que você faça tudo sendo um grande safado. O quão sagrado é abrir mão de evoluir só porque andar pra trás é poder cruzar com você de novo. Eu soquei meu coração até ele diminuir. Só pra você nunca se assustar com o tamanho. E eu tive que me fantasiar de puta, só pra ter você aqui dentro sem medo. Medo de destruir esse carinho por você tão santo, tão virgem. E eu vou me fantasiando de não amor, só pra você poder me vestir e sair vestido ai com uma casca de não amor. E eu vou rir quando você me contar das suas meninas (PUTAS), e eu vou continuar dizendo: “bonito sapato, bonita roupa, boa idéia, boa cor.” E eu vou continuar sendo só daqui para fora. Por que no nosso contrato, tomamos cuidado em escrever com letras maiúsculas: NÃO EXISTE NINGUÉM AQUI DENTRO.

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